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Livro das Turmas da FMUSP

Como parte das comemorações do Centenário da FMUSP a Associação dos Antigos Alunos vai editar um livro com os nomes de todos os alunos da Faculdade, da 1ª até a 100ª. Fará parte desse livro uma coletânea de depoimentos de alunos das várias turmas, comentando como era a Faculdade em sua época, fatos marcantes, colegas que se destacaram, fatos pitorescos, participação no CAOC, Atlética, Show Medicina, DC, GTM, etc. Já dispomos de depoimentos de colegas desde 1933, mas algumas turmas ainda não escreveram.

Relacionamos abaixo as turmas que ainda não tem nenhum texto. Se você pertence a uma dessas turmas, escreva um artigo de 1 ou 2 páginas em espaço simples, caracteres Arial 12, sobre seu período na Faculdade. Se possível, faça com um grupo de colegas, que possam ajudar a lembrar os fatos mais interessantes. Envie o texto para nossa Secretária, Monica Dias do Valle, no email: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. Aguardaremos a entrega dos textos até o dia 15/02/2012.

Relação das turmas sem depoimentos (ano de formatura):

1934

1941

de 1994 a 1995

de 1997 a 1999

2001

2003

de 2005 a 2010

Como exemplo reproduzimos dois depoimentos de colegas. Um mais antigo, de Luiz Venere Décourt, já falecido, formado em 1935 e que chegou a Professor Catedrático de Clínica Médica. Foi um dos idealizadores, juntamente com o Professor Euryclides de Jesus Zerbini, do Instituto do Coração. Um outro mais recente, de nossa colega Cristina Kobata, Assistente da Cirurgia Vascular, formada em 2002.

 

TURMA DE 1935

O ensino

Nossa turma iniciou seu Curso em velho prédio da Rua Brigadeiro Tobias. E não vivia um ambiente estimulador. As instalações eram precárias e as matérias lecionadas caracterizavam-se pelo reduzido interesse, abrangendo freqüentemente repetições pouco atraentes do que já aprendido no então denominado Curso Secundário.

Logo após, entretanto, a disciplina de Anatomia (Prof. Bovero) foi ensinada com alta categoria, no grande prédio da ainda atual Faculdade de Medicina, sendo a nossa turma uma das primeiras a obter esse privilégio. E, paralelamente, os estudos de Histologia (Prof. Lordy) e de Fisiologia (Prof. Moura Campos) nos estimularam na ascensão do caminho, não apenas pelo interesse intrínseco das matérias, como pela alta categoria do corpo docente (Professores e Assistentes).

Logo após, outros expressivos territórios abriram-se para nós: a Parasitologia (Prof. Samuel Pessoa), os primórdios da Genética (Prof. Dreyfus), a Microbiologia (Prof. Souza Campos), a Anatomia Patológica (Prof. Cunha Motta), a Radiologia (Prof. Raphael de Barros), a Farmacologia (Prof. Regallo Pereira).

Ulteriormente, os diversos Cursos de Clínica foram realizados no Hospital da Santa Casa de Misericórdia.

No austero ambiente do grande hospital os mestres (Professores Almeida Prado, Pires de Campos, Rubião Meira, Aguiar Pupo, Celestino Bourroul, Cantídio de Moura Campos, Cruz Brito, Vampré, Montenegro, Moraes Barros, Rezende Puech, A.C. Camargo, Paula Santos) faziam-se respeitar pelas lições de medicina, mas também pela oferta de exemplos de moral e de humanidade, E as enfermarias apresentavam-se como áreas quase sagradas, nas quais a nossa vivência participava também do ambiente. Tenho a certeza de expressar o sentimento de toda a turma, na reverência a uma Casa Santa onde o amparo aos doentes era uma norma de trabalho. E não podia admitir outra.

Complementando essas atividades, o ensino da Obstetrícia (Prof. Briquet) era feito, com as mesmas características, na Maternidade de São Paulo e, ainda, as disciplinas de Medicina Legal (Prof. Favero) e de Higiene (Prof. Paula Souza), respectivamente no Instituto Oscar Freire e no então chamado Instituto de Higiene. A primeira não atraía a maior parte dos alunos, que dedicavam-se às modalidades clínicas, mas estudávamos com dedicação perante a dignidade do professor. A cátedra de Higiene, nos exigia um relatório especializado sobre condições sanitárias de pequenas cidades do Interior, exigindo viagens eventualmente pouco atraentes, mas quase sempre curiosas pelas informações obtidas.

A turma

Nesse percurso, algumas características dos componentes da turma merecem um comentário.

Três filhos de professores da Faculdade a integravam: Nicolau, filho do Prof. Moraes Barros, Paulo, filho do Prof. Vampré e Paulo, filho do Prof. Montenegro. Este último, infelizmente, faleceu nas férias entre o primeiro e o segundo anos.

Vários dos estudantes preparavam-se para atividades na carreira universitária. E obtiveram resultados. Alguns, como Décourt (Clínica Médica), Zerbini (Clínica Cirúrgica) e Mattos Pimenta (Neurologia) conseguiram cátedras: outros, posições de Livre-Docentes ou de Assistentes, assim Novah (Anatomia), Chiaverini, De Finis e Pinto Lima (Clínica Médica), Fanganiello, Nicolau Moraes Barros Filho, Zaidan (Clínica Cirúrgica), Motta Pacheco (Urologia).

Por outra, o inteligente e irreverente João Marques Castro salientava-se, durante o Curso por sua colaboração no Jornal acadêmico “O Bisturi”, com crônicas espirituosas e maliciosas e com os chamados ‘Sonetos Nefelibáticos”, famosos entre nós.

A Conclusão

Nossa formatura ocorreu em 7 de dezembro, sendo paraninfo o Prof. Celestino Bourroul, que nos trouxe uma última lição de sabedoria e de orientação. E nosso orador, Diderot Pompeu de Toledo, que, como esperado, soube trazer as emoções, as despedidas e as perspectivas dos colegas.

Nossa rememoração, de um passado – tão distante e tão próximo – recordo os companheiros, hoje quase todos ausentes, pelo afastamento ou pela morte, em uma visão saudosa que não irá desaparecer.

E acentuo nossa gratidão aos Mestres que nos ensinaram e nos encaminharam para um percurso rico em conhecimentos e em disciplina de comportamento, tendo sempre em mente a pessoa “humana” do enfermo.

Luiz V. Décourt

 

 

 

Turma de 2002 – (85ª da FMUSP)

A Faculdade de Medicina da USP na minha época...

Sou da Turma 85, formada em 2002...

Nesse ano do centenário, está fazendo uma década que me formei. Poderia dizer que faz uma década que "saí" da faculdade, mas não é verdade... Hoje eu entendo quando os mais velhos, principalmente os da Associação, dizem que não são ex-alunos, são "alunos antigos"! A FMUSP faz parte de mim, da minha vida, formação como profissional, como pessoa, círculo de amigos e isso é para sempre! Difícil passar pela faculdade e "sair" como se fosse só uma pequena etapa da sua vida.

Longe de mim achar que eu estou à altura de, sozinha, representar o que os 180 alunos da minha turma viveu... Mas longe de mim também, deixar de relatar o que aconteceu durante esses 6 anos de graduação e passar o Centenário como uma turma anônima, uma vez que ainda não há nenhum texto dessa época... E anônimo, o "Terror 85" com certeza não foi!

Primeiramente, porque sou da última turma do currículo antigo, ou tradicional. Tive aulas somente das cadeiras básicas nos primeiros anos, depois as disciplinas relacionadas a carreira médica e, por último, prática clínica. Tudo assim mesmo, bem separado. Muitos anos antes de eu entrar, já havia tido uma outra reforma curricular pois, antigamente, não era um currículo único (como foi o meu para os 180 alunos da turma), alguns faziam o curso "experimental" e outros o "tradicional" (seja lá o que fosse essa divisão). No ano seguinte à minha entrada, houve uma reforma que transformou o curso no modelo "nuclear", que existe até hoje, mas que, sinceramente, não sei o que significou essa mudança, precisaria perguntar para as turmas que vieram depois.

Nos primeiros anos da faculdade, praticamente não tínhamos contato com medicina e quase todas as aulas eram na cidade universitária. Além do isolamento em relação aos alunos dos outros anos, o preconceito dos alunos dos outros cursos da USP e o bandeijão, o mais marcante foi o primeiro dia de aula, com os 180 alunos juntos no famoso "barracão da anatomia", onde entregaram um saco de ossos para cada grupo de 10 alunos e passamos o resto do dia sentados com os ossos e um atlas, sem saber direito o que exatamente era para ser feito. Tivemos somente a orientação que era para aproveitar ao máximo porque na próxima semana já seria músculo! Ali, tive a certeza que minha vida tinha mudado, que não teria volta e que, dali em diante, dependeria somente de mim mesma fazer as escolhas, pesquisar, ir atrás para aproveitar os próximo anos.

Fui também a última turma que teve aula com o professor Casadei na Bioquímica ("Ei, ei, ei, Casadei é nosso rei!), assim como vi o professor Ezequiel se aposentar. Vi muitas mudanças acontecerem na faculdade, não só a curricular. Vi algumas tradições caírem, como a extinção de uma das mais antigas competições universitárias (MAC-MED com o corso e tudo o mais), a entrada de um diretor da faculdade que veio de outra escola (Santa Casa),  representante discente indo contra a decisão do plebiscito dos alunos e votar na Congressão diferente do que foi decidido, a Paulista ser expulsa da Intermed por violência e a necessidade de inclusão em cláusula da Intermed (competição somente entre as principais faculdades de Medicina de São Paulo) sobre a abertura indiscriminada de novas faculdades de medicina que estavam exigindo fazer parte da competição (os tempos estavam mudando). Vi também, as entidades da faculdade (CAOC, DC, Atlética e Show) se separarem e se odiarem (Bip bomba contando sobre o vestibular do Show Medicina) com uma grande polarização para os alunos na hora de escolher uma "identidade" durante a graduação. Alguns anos mais tarde, os grupos se reaproximaram, talvez por terem cansado de brigar, por amizades em comum ou por solidariedade, devido às dificuldades que todos passaram depois... Tragédias que aconteceram como o fogo no porão do CAOC, a morte do calouro na piscina e as consequências geradas por tudo isso.

No entanto, esses 10 anos que se passaram depois da formatura serviram, principalmente, para deixar na minha memória somente as coisas boas... serviram para me dar saudades do que vivi, época maravilhosa que você tem que viver intensamente pois não volta mais! Desse tempo todo, o que marcou foi a Atlética, que vivi da forma mais plena que se pode dizer, os treinos, competições, Happy Hours, diretoria, vitórias e derrotas (foram muitas vitórias - vi os 6 anos ganhar competição de calouros, 5 Interusps e, infelizmente 5 Intermeds... Infelizmente? Porque justo no meu 6o. ano minha turma, que seria a 1a. a ganhar todas durante a graduação desde a turma 76, viu perder essa competição)... Vivi o Show Medicina, noites em claro, laços de amizade indissolúveis, aprendí a costurar, 60 anos de Show e eu estava lá, subi para o brejo e me juntei aos sapos! Mas não é só isso, vi meus amigos se juntarem ao CAOC, DC, Bandeira Científica e aproveitarem também cada segundo dessa história!

Sem dúvida nenhuma, uma época que marcou a todos e tenho certeza de que viveria tudo de novo, com todos os altos e baixos, sem me arrepender de nada. Até hoje, ao almoçar na Atlética durante meu plantão de assistente do HC, indo no Encontro de Gerações, ouvindo de longe o som do treino da bateria ou, simplesmente, passando em frente ao prédio na Dr. Arnaldo, meu coração acelera e voltam na minha cabeça as memórias dos melhores anos da minha vida!

Quase impossível passar ileso à tentação de fazer parte de algo maior que você, no meio desse lugar cercado de histórias e tradições para todos os lados!

Cristina Helena Prado Kobata

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Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Medicina da USP

Entidade de caráter eminentemente social, cujo objetivo central é a reunião e o congraçamento dos antigos alunos e a promoção do desenvolvimento intelectual da escola onde se formaram.

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